terça-feira, 22 de setembro de 2009

Produtos chineses invadem o comércio informal de Manaus

Por Leonardo Jucá

A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento (Sempab), tem realizado desde maio deste ano uma forte repressão ao comércio de produtos piratas.

Segundo a Gerência de Comércio Informal (Gecin) da Sempab, existem mais de 100 mil CDs e DVDs armazenados no depósito da Secretaria apreendidos nas operações. As repressões revelaram que o comércio informal abrange, aqui em Manaus, além de CDs e DVDs, a venda de meias, bolsas, camisas, bermudas e relógios falsificados.

Segundo o secretário da Sempab, José Aparecido dos Santos, está havendo em Manaus uma invasão de produtos chineses, do mesmo modo como acontece em São Paulo e Rio de Janeiro. “Eles estão cooptando os autorizatários e convencendo-os a armazenar e vender esses produtos de origem criminosa. É por isso que, durante as operações, alguns ambulantes se recusam a abrir os depósitos das bancas, obrigando os fiscais a quebrar cadeados para coibir a venda criminosa”, revelou José Aparecido.


A operação mobilizou dezenas de agentes e uma grande infra-estrutura policial. No entanto, o trabalho dos ambulantes com produtos piratas continua nas ruas, desafiando a polícia e a Prefeitura de Manaus. Segundo a Sempab, a cidade possui 2.167 camelôs fixos e mais 261 ambulantes no centro da cidade, 2.520 fixos e 1.222 ambulantes nos bairros, 543 ambulantes nos terminais, 1.217 ambulantes nos eventos e 441 fixos/ambulantes na área da Ponta Negra.


De acordo com dados divulgados pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL), os lojistas perdem 25% a 30% do faturamento em função da pirataria. Os setores mais prejudicados são os de audiovisual, confecções, couros, calçados e outros.

A Prefeitura de Manaus pretende manter as operações para punir os fornecedores das mercadorias chinesas ilegais e organizar o comércio nas ruas com a construção do Shopping Popular de Manaus. O projeto apresentado pela Secretaria Municipal de Abastecimento, Mercados e Feiras (Semaf) pretende abrigar 1,7 mil camelôs na região portuária, em um terreno que pertence a prefeitura, além de um centro de serviços públicos ao cidadão.

Comerciantes enfrentam concorrência desleal


Por Camila Cavalcante

Os comerciantes instalados no principal centro industrial do Norte do País, Manaus, enfrentam uma concorrência desleal com os comerciantes informais. De acordo com dados da Gerência de Comércio Informal – GECIN da secretaria Municipal de Produção e Abastecimento – SEMPAD, até Abril de 2008, havia na capital, cerca de 30 mil vendedores informais cadastrados no órgão. Destes, 75% trabalham no centro da cidade.


Para o vendedor Altair Silva a informalidade é causada pela falta de recursos financeiros para legalizar a atividade. “Trabalho há 15 anos no centro de Manaus, mas os trâmites para criar uma empresa e pagar os impostos acabam fazendo com que eu continue nesta situação. Já vendi celular, roupas e agora estou vendendo óculos, boné e tênis. Acredito que não seja um comércio ilegal com os donos de lojas, já que os clientes podem escolher entre uma opção mais cara e outra mais barata. Não vejo como deslealdade, pelo contrário, as lojas têm possibilidades de venderem mais e melhor até pelo ambiente que oferecem ao cliente”, argumenta.


De acordo com informações da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus – CDLM, os empresários perdem de 25% a 30% de seu faturamento em decorrência do comércio informal.
Um dos diretores e também assessor jurídico do órgão, Hileano Praia, chama a atenção dos prejuízos causados tanto aos lojistas, quanto à população.


“A informalidade gera postos de trabalho sem o devido resguardo legal ao trabalhador, onde o governo mais uma vez perde receita, na medida, em que não são recolhidas as verbas provenientes das obrigações previdenciárias e fundiárias pertinentes às relações empregatícias. Isto sem incluir a pirataria, que não só é classificada como comércio informal, mas também ato ilícito penal denominado violação dos direitos autorais”, alerta.


Shopping popular
Os lojistas exigem uma reorganização do Centro para que haja um mercado justo e digno. A Prefeitura de Manaus estuda a possibilidade da criação de um shopping popular, na região portuária. O empreendimento retiraria 1,3 mil vendedores informais do centro da Capital, além de contar com um Centro de Serviços Públicos ao Cidadão. Para a vendedora informal, Claudia Ferreira, que trabalha no Centro de Manaus, a saída do local significa “parar de vender, já que as autoridades querem nos colocar em lugares de difícil acesso ou muito distantes”.


Vendas diretas se transformam em rendimento fixo




Por Deisenara Costa




Um negócio que surgiu no Brasil na primeira metade do século passado, como uma forma de distração para as donas-de-casa, hoje vem movimentando cifras financeiras da economia nacional. As vendas diretas ao consumidor, famosas vendas porta a porta, já são encaradas como um ren­dimento mensal fixo que em muitos casos representam o sustento ou complemento da renda das famílias.

Conforme da­dos prestados pela Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), que comporta 25 associadas, o seg­mento tem registrado cresci­mento médio de 7% no Brasil, durante os últimos seis anos, o que fez o País conquistar o sétimo lugar no ranking mundial de empresas de venda direta, organizado pela Word Federation of Direct Selling Associations (WFDSA).

O setor de vendas diretas é composto por empresas de vários segmentos, sendo 88% da categoria de cuidados pessoais, 6% de suplementos nutricionais, 5% de cuidados do lar, e 1% de serviços e outros.
São alguns fatores como o alto índice de desemprego, investimento das empresas em produtos de alta qualidade e as vantagens de custo/benefício para os revende­dores os responsáveis pelo sucesso das vendas. Só no primeiro semestre deste ano, este setor movimentou cerca de R$ 9,586 bilhões, superando o mesmo período de 2008 em 18,3%. Um crescimento de 12,8%, descontando a inflação do período. O número de revendedores também cresceu sendo cerca de 2,221 milhões em todo Brasil.

Elenilza Vieira, 29, é um exemplo, ela encontrou por meio das vendas indiretas
uma oportunidade de aumentar seus ganhos mensais. Há pouco mais de um ano, ela recebeu o convite de uma amiga promotora de vendas da marca Avon, para ser uma consultora de beleza. Antes de dá a resposta Nilza pensou muito, pois ela sempre achou que essa história não dava certo.

“Eu nunca gostei de vender nada, mas por outro lado eu pensava que tinha que conseguir um meio de aumentar os meus ganhos.”, conta

A assistente de produção pensou e percebeu que o ambiente de trabalho dela era propício para esta iniciativa, além do mais, “ela era carismática o que é essencial no trato com clientes”.

Deu certo. Hoje, além da marca Avon, Vieira tornou-se promotora de uma outra marca bastante aceita pelas suas clientes. Comecei com a Avon com um pouco de medo de não dar certo, mas aconteceu o contrário. Tenho clientes no trabalho, na faculdade e os amigos próximos. Foram as minhas clientes que me incentivaram a também vender Natura. Nilza não revelou quanto ganha, mas adiantou que paga o salário da babá e sempre é salva em situações complicadas com seus rendimentos provenientes das vendas.